A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o relatório “Mortalidade atribuída ao Tabaco”, um estudo que revelou que cerca de 5 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência do tabaco. A estimativa representa uma morte a cada seis segundos. A OMS calcula ainda que um bilhão de pessoas podem morrer neste século. Ao tabagismo, foram atribuídas aproximadamente 5% das mortes por doenças transmissíveis e 14% das mortes por doenças não transmissíveis entre adultos.
A pesquisa revela que o tabaco mata mais que o HIV, a tuberculose e a malária juntos. De acordo com a pneumologista do Centro de Tratamento do Fumante da Secretaria Estadual de Saúde, Fátima Amine, a maioria dos pacientes encaminhados ao centro desenvolveu doenças respiratórias. “A maior parte das pessoas chega a nós apresentando tosse, falta de ar, doenças respiratórias crônicas e até diabetes e hipertensão”, revela.
O centro também é aberto a receber qualquer cidadão que quiser fazer o tratamento. “Geralmente os pacientes têm entre 45 e 60 anos, mas é difícil aparecer um fumante que ainda não apresente nenhuma doença”, conta. Entre os fumantes, apenas 3% conseguem largar o vício sozinhos, sem auxílio de tratamentos, segundo a pneumologista. “Às pessoas que não fumam tanto nem há muito tempo e querem parar, a gente orienta que mudem alguns hábitos. Beber muita água, evitar o café e o álcool e substituir o fumo por outra coisa, como uma balinha”, esclarece.
O relatório da OMS também revelou que aproximadamente 600 mil fumantes passivos morrem todos os anos. Esse número alto pode estar relacionado aos aromas cada vez menos desconfortáveis dos cigarros, segundo Fátima Amine. “Com tantos cigarros aromatizados, aquele tradicional odor que sentíamos já não incomoda tanto, isso pode aumentar o número de fumantes passivos”, afirma. No entanto, os tratamentos existem apenas para os usuários ativos. “O fumante passivo precisa apenas evitar os ambientes. Às vezes isso é difícil, porque o fumante pode ser um familiar, os pais ou irmãos, por exemplo”, completa.
VÍCIO
Antônio Carlos Lins, feirante, fuma há 30 anos e já tentou parar. “A gente sabe que faz mal, vem escrito na caixa, mas eu não consegui resistir à vontade”, conta. Ele fuma duas carteiras inteiras por dia e nunca foi ao médico fazer exames para saber como anda a saúde, após todos esses anos de nicotina. “Se for, sei que vai estar tudo ruim. E já fumei outras drogas e consegui parar, mas essa daqui eu não consigo”.
Para Sérgio Sales, autônomo, também é difícil largar o vício. “Quando termino um cigarro e sinto o cheiro da minha mão, penso que eu nem devia ter fumado”, diz. Ele fuma há quatro anos e só conseguiu parar por, no máximo, dois dias. “Eu quero parar, mas fumo uma carteira e meia todo dia, é difícil. Se tivesse uma fórmula mágica, eu usava”, conta. (Diário do Pará)
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