domingo, 18 de março de 2012

Administrando pessoas estranhas


Observando o crescimento da renda no mundo, vemos um enorme ponto de inflexão em 1910, quando o crescimento se torna explosivo. 
A riqueza crescia lentamente desde 1980 com a industrialização, mas subitamente dá um salto quântico, que começa a resolver definitivamente o problema da pobreza no mundo.
Em 2020 a renda média do mundo está estimada em 20.000 dólares, por ano.  Contra 400 dólares em 1800.
O livro A Riqueza das Nações, que propunha a divisão do trabalho, não surtiu o aumento de riqueza que propunha.
Faltou algo muito importante.
As empresas da época de Adam Smith eram quase todas familiares, a divisão de trabalho era sempre entre irmãos, vizinhos ou gente do bairro.
Predominava a Teoria da Gestão e seus “cargos de confiança”, que prevalece até hoje na Gestão Governamental e Familiar. 
Só se encontrava gente de confiança, por definição pouca, e as empresas se mantiveram “médias e pequenas”.
Colocar uma pessoa estranha para cuidar de uma parte vital da empresa, nem pensar.
O surgimento do movimento de Administração, que começa em 1911, irá quebrar este dogma da Gestão.
Em vez de dar ordens e mandar, criamos cargos e funções e passamos a contratar pessoas “estranhas”, mas capazes de tocar independentemente aquela função.
Funções não são mais dadas a familiares ou membros do mesmo partido político, mas para gerentes previamente treinados que não se conhecem, estranhos entre si.
Isto permitiu, pela primeira vez na história, que empresas com 10.000 funcionários, com mais de 400 gerentes e administradores trabalhar em harmonia apesar de não se conhecerem.
A produtividade aumentou espetacularmente.
É esta mudança de paradigma que permitiu economias de escala, fornecimento constante de peças sem ter que depender da volatilidade do “mercado”, e o enorme crescimento da renda média do mundo.
Empresas puderam criar subsidiárias em outros países, sem ter que deslocar expatriados para comandar estas filiais, podendo contratar administradores locais, e expandir as tecnologias desenvolvidas na matriz.
Nenhuma tecnologia criada no Brasil é adotada no resto do mundo, porque a maioria das nossas empresas continuam familiares, que dependem de cargos de confiança, o que impede a expansão para outros países.
Não exportamos riqueza para o Paraguai, África e Bolívia.
Não somos socialmente responsáveis com nossos vizinhos, porque não sabemos lidar com gerentes e executivos estranhos, fora das nossas relações nacionalistas ou de parentesco.
A função do administrador é justamente esta.
Permitir pessoas estranhas entre si trabalhar harmoniosamente, sem suspeitas, sem dossiês, sem arapongas, sem as intrigas familiares que sabemos existir em muitas pequenas empresas.
Isto infelizmente gera pobreza, interna e para nossos vizinhos.
A sua função, futuro administrador, é criar uma empresa onde pessoas estranhas possam produzir em harmonia, fiéis aos clientes e aos fornecedores e que saibam colocar de lado as suas diferenças em prol do bem comum.
Esta é a nossa missão. Paz no mundo e aumento da produção.(Stephen Kanitz)

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