domingo, 26 de fevereiro de 2012

Acidente aéreo mata deputado Novelino

Por volta das 9h da manhã de ontem, o avião bimotor modelo Sêneca 4, prefixo PT-LAB, caiu cerca de 18 minutos após a decolagem, causando a morte do deputado estadual Alessandro Novelino, 39 anos. Além dele, morreram ainda o piloto, Roberto Carlos Figueiredo, conhecido como “Careca”, e o chefe de gabinete do parlamentar, José Augusto dos Santos. O bimotor seguia rumo à fazenda Princesa, em Abaetetuba.

De acordo com o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), o avião decolou do aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira (aeroclube), em Belém, e perdeu comunicação com a torre de controle nas proximidades do município de Barcarena. Ainda não é possível saber as causas do acidente.

O piloto Cláudio Collére, 50 anos, foi o primeiro a avistar a aeronave destroçada em meio a um terreno descampado localizado nas proximidades da ilha de Murucutu, região compreendida entre os municípios de Acará e Moju, a cerca de 20 Km de Belém.

Cláudio estava no local para velar o corpo de outro piloto, vítima da queda do avião no município de Cametá na semana passada. Assim que soube do desaparecimento, ele seguiu para a região apontada pelas coordenadas do aeroporto a bordo de um helicóptero.

O bimotor que caiu tinha capacidade para seis pessoas e, segundo informações dos pilotos que estavam no aeroclube, deveria voar a 280 Km/h.

INVESTIGAÇÃO

A morte do deputado e dos outros tripulantes foi confirmada no início da tarde pelo coronel Luiz Solano, da Polícia Militar, já por volta das 14h. Segundo ele, dois dos três corpos foram encontrados a aproximadamente 30 metros do local onde o avião caiu, porém ainda não foi possível identificar de quem seriam os corpos.

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o bimotor teria perdido altitude e se chocado com a fiação da torre de transmissão de energia elétrica que passa pela região, informou o coronel Mario Morais, que chefiou as buscas pelos corpos. Foi ele quem fez a descida de rapel do helicóptero da Polícia Militar, com ajuda de agentes da Força aérea, para remover os corpos. “O maior desafio foi transportar os corpos da água para o helicópero”, informou o coronel Morais.

“Tivemos bastante dificuldade para manobrar na área, porque o rotor do helicóptero ficava muito próximo ao linhão devido ao local onde houve o acidente”, informou o coronel. Parentes do deputado fizeram o reconhecimento dos corpos ainda no local com o auxílio de riberinhos.

O Corpo de Bombeiros não deu detalhes da condição em que estavam os corpos, mas assegurou que não estavam carbonizados e que o avião ficou bastante destruído.

Em meio à intensa movimentação de amigos e parentes no Aeroclube, o vice-governador do Estado, Helenilson Pontes, esteve no local e disse que o governo vai solicitar abertura de inquérito policial investigativo para, segundo ele, apurar o que está acontecendo com as aeronaves do Pará.

Para ele, é preciso apurar em que condições estão voando e como estão sendo feitas as fiscalizações, e quem são os responsáveis pelos problemas. Estes são alguns dos questionamentos que deverão ser respondidos pelo inquérito. “Vamos prestar todo tipo de ajuda às vítimas. Estamos todos de luto”, disse. Helenilson contou, ainda, que embarcou em outro avião de modelo semelhante ao que voava Novelino momentos antes de o deputado decolar.

Familiares e outros parlamentares estiveram no Aeroclube à procura de informações. Ninguém da família quis falar com a imprensa.

Os corpos foram resgatados e levados para a sede do Corpo de Bombeiros às 16h. De lá, foram para o Instituto Médico Legal. No final da tarde, o corpo do deputado foi levado para a Assembleia Legislativa do Estado, onde está sendo velado.  Notícia da morte chocou politicos e amigos

O deputado José Megale, líder do PSDB na Assembleia Legislativa, foi provavelmente o último colega de parlamento a se reunir com Alessandro Novelino. Eles se reuniram na tarde do sábado e chegaram a ir juntos a uma loja de móveis em Belém, onde Novelino comprou móveis para dois novos escritórios que estava montando na sua rede de postos de combustível, como contou Megale. “Eu lamento profundamente essa tragédia. Além de colega no parlamento, eu e o Alessandro tínhamos uma relação de amizade”, informou o tucano.

Megale e Novelino integraram o antigo Partido Liberal (PL), onde fizeram juntos a primeira campanha eleitoral para a Assembleia Legislativa e foram eleitos para seus primeiros mandatos. “Dividimos o mesmo palanque e tivemos nove anos de trajetória política, mesmo depois de mudarmos de partido”, complementa José Megale, lembrando que os dois exerciam o terceiro mandato de deputado estadual.

Eles se separaram durante a campanha eleitoral em que a então candidata a prefeita de Belém Ana Júlia Carepa (PT) buscou apoio do PL, mas a direção do partido não ouviu seus parlamentares, decidindo à revelia da base, segundo Megale. Com a cisão, eles mudaram de legenda, mas mantiveram a amizade em que um torcia pela eleição do outro, mesmo em partidos diferentes. O colega e amigo definiu Novelino como uma pessoa determinada que exercia seu mandato parlamentar “com muita positividade”.

Um dos deputados que acompanharam as buscas no aeroclube de Belém, o líder do PR, Raimundo Santos, se disse consternado com a tragédia que matou, além do deputado Alessandro Novelino, o piloto e seu assessor parlamentar.

Santos contou que orientou Novelino em 2002 a entrar para a política, ainda no PL, partido em que ele ingressou e mais tarde se transformou em PR. O deputado lamenta a morte precoce do colega e diz que a classe política, amigos e principalmente a família Novelino fica abalada com a perda prematura. Ele definiu Alessandro Novelino como um jovem empreendedor e cumpridor da palavra empenhada. “Peço a Deus para confortar o coração dos familiares”, enfatiza.

Mesmo em lados opostos no parlamento, o líder do Psol, Edmilson Rodrigues, afirma que, apesar de ter convivido pouco tempo com Novelino, ele era um deputado muito cortês e educado, portanto a sua morte de forma tão trágica é lamentável. “Gostaria de me solidarizar com a família neste momento tão difícil”, acentua Rodrigues.

O deputado contou um fato curioso que ocorreu em conversa com Novelino na sessão na Assembleia Legislativa semana passada. Segundo Rodrigues, Novelino teria dito que não estava usando o helicóptero de sua propriedade porque precisava de revisão e que a Anac era muito exigente e rigorosa nas inspeções. Ainda segundo o deputado Edmilson Rodrigues, Novelino o confessara que, apesar de ter voado pouco no helicóptero, não poderia utilizar o aparelho por precaução antes de fazer a revisão.

O líder da bancada do PMDB, Parsifal Pontes, disse que Novelino era um colega muito simpático, que se dava com todos os companheiros de parlamento, independente de posição política. “É uma perda muito grande que abala a Assembleia Legislativa pela forma trágica como ocorreu”, definiu. Para ele, a família ficará muito mais abalada porque, além de pai, marido e filho, Alessandro Novelino era quem comandava os negócios, como um jovem empreendedor. “É um baque muito grande”, ressaltou Parsifal. (Diário do Pará)

Nenhum comentário: